sexta-feira, 13 de julho de 2012

ÓTICA JAPONESA

 (A fantástica e responsável ótica japonesa...)

Há no Japão um grupo de 200 aposentados, em sua maioria engenheiros, que se oferece para substituir trabalhadores mais jovens num perigoso trabalho: a manutenção da usina nuclear de Fukushima, que foi seriamente afetada pelo grande terremoto há meses atrás.

Os reparos envolvem altos níveis de radioatividade cancerígena.

Em entrevista à BBC, o voluntário Yasuteru Yamada,
que tem 72 anos e negocia com o reticente governo japonês e a companhia, usa uma lógica tão simples quanto assombrosa:

- "Em média, devo viver mais uns 15 anos. Já um câncer vindo da radiação levaria de 20 a 30 anos para surgir. Logo, nós que somos mais velhos temos menos risco de desenvolver câncer", afirma Yamada.

É arrepiante.

Na contramão do individualismo atual – e lidando de uma maneira absolutamente realista em relação à vida e à morte – sexagenários e septuagenários querem dar uma última contribuição: serem úteis em seus últimos anos e permitir que alguns jovens possam chegar à idade deles com saúde e disposição semelhantes.

O que mais impressiona em toda a história é a matemática da vida.

A morte não é para eles um problema a ser solucionado ou talvez corrigido, pela hipótese mística da vida eterna que medicina e biologia tentam encampar e da qual as revistas de boa saúde tentam nos convencer, a morte é, de fato, a constante da equação.

Isso nos remete a um pensamento da Professora Sílvia Serafim:

“ Sou um só, mas ainda assim sou um.
Não posso fazer tudo mas posso ainda fazer alguma coisa.
Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que ainda posso. ”

  *****
Isso é que é desprendimento. 
Uma prova de cidadania e demonstração de amor ao país...

Um comentário:

  1. DANI , SOMENTE UMA CULTURA COMO OS JAPONESES, PARA TER UM DESPRENDIMENTO ASSIM DE VALORES INTERNOS E PESSOAIS.

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